...A PACIÊNCIA DE DEUS NÃO TEM LIMITES, MAS HÁ MOMENTOS EM QUE A SUA PACIÊNCIA DÁ LUGAR AS SUAS JUSTAS AÇÕES... Anderson Ribeiro

9 de julho de 2010

Parábola do peixe e dos pescadores Mt 4.18-22; Mc 1.16-20; Lc 5.2-11


Quando uma parábola ocorre em mais de um evangelho, é essencial comparar os registros corresponden­tes. Essa parábola, como se dá com quase todas, ensina que no mundo espiritual existem complementos para tudo o que é legítimo e natural no mundo material. Apesar do fato de que o nosso Senhor gastou gran­de parte do ministério nas adjacências do mar da Galiléia e muitos de seus apóstolos foram pes­cadores, parece singular que tenha feito tão pouco uso de parábolas so­bre a pesca. Assim, Jesus entrou para a sua breve, mas maravilhosa tarefa. Compreendeu a necessidade dos que seriam capazes de absorver a sua mensagem e continuar o seu ministério depois de sua ascensão, como acompanhá-lo em suas jorna­das enquanto esteve entre os ho­mens. Para o seu primeiro grupo de seguidores e de associados, não foi a qualquer escola de rabinos ou cen­tro de aprendizado, mas chamou homens humildes para deixarem as redes e segui-lo. "Eu os farei pesca­dores de homens." Dessa maneira fo­ram levantados de um baixo grau de pescaria para um alto, assim como Davi, que alimentava ovelhas e foi chamado para um grau mais eleva­do de pastoreio (SI 78:70-72).
A resposta dos quatro pescadores ao chamado de Cristo foi imediata, pois deixaram redes, barcos e paren­tes para acompanhá-lo. Agora lançavam a rede do evangelho no mar do mundo e traziam as almas para as praias da salvação. Podemos imaginar como Pedro, "o grande pes­cador" que se tornou porta-voz do grupo dos apóstolos, entrou para o significante uso parabólico do Mes­tre sobre os pescadores e os peixes. Os peixes do mar da Galiléia eram pegos vivos, mas rapidamente mor­riam, quando tirados do seu habitai. Agora, aqueles a quem Jesus chama­va foram designados para pegar os homens que estavam mortos —mor­te em transgressões e pecados— os quais, uma vez nas redes do evan­gelho, começariam a viver espiritu­almente.
Os pescadores experimentados estabeleciam três regras para o su­cesso da pesca, as quais deveriam ser observadas por todos os que pescam as almas dos homens:

Primeira: Mantenha-se fora de
vista; Segunda: Mantenha-se ainda
mais fora de vista; Terceira: Mantenha-se ainda
mais longe fora de vista.

Os ganhadores de almas devem aprender que não podem promover a Cristo e a si próprios ao mesmo tem­po. Se um pescador lança a sua som­bra sobre a água, onde o cardume está, jamais poderá pegar os peixes. Da mesma maneira, a sua sombra é desastrosa na arte de ganhar almas. Quando o dr. J. H. Jowett estava para falar para um grande agrupamento, um fervoroso irmão orou: "Agradece-mos-te, ó Senhor, teu querido servo e pelo trabalho que ele está fazendo. Agradecemos-te que o tenhas man­dado a falar conosco. Agora, Senhor, oculta-o, oculta-o".
Assim, para o pescador, a isca é um elemento importante e, pela prá­tica, ele aprende que ela é usada para atrair diferentes tipos de pei­xe. Os pescadores de homens devem, semelhantemente, ser capazes de pôr a isca no anzol. Uma visão curiosa, expressada pelos pais da Igre­ja, era que a cruz era o anzol e Cris­to, a isca pela qual o Todo-Poderoso capturava o mal. Tal figura de lin­guagem pode parecer grotesca, mas, com toda a reverência, podemos di­zer que Cristo, como a Bíblia o reve­la, é sempre o tipo certo de isca para pegar os homens. John Bunyan em linguagem parabólica disse: "A gra­ça e a glória são a isca do evangelho; leite e mel foram a isca que retirou seiscentos mil (sem contar as criam ças, as mulheres e os velhos) do Egi­to". Não importa quantas dificulda­des os pecadores apresentem, quan­do estão sendo tratados pelo ganha­dor de almas, que é eficiente na Pa­lavra de Deus, e saberá que a Escri­tura, a isca, é usada para resolver qualquer problema.
Assim como esse chamado de Pedro, André, Tiago e João às vezes é confundido com outros dois rela­tos no mar, uma palavra é necessá­ria para diferenciá-los. O chamado relatado em João 1:35-42 não é a mesmo de Mateus 4:18-22, pelas se­guintes razões:

1. Aquele foi dado quando Jesus ainda estava na Judéia —este, de­pois de seu retorno à Galiléia;
2.  Naquele, André solicita uma entrevista com Cristo —neste, Cris­to chama André;
3. Naquele, André é chamado com um discípulo cujo nome não foi men­cionado, que era claramente João (Jo 1:4). André vai e busca a Pedro, seu irmão, a Cristo, que então o chama —neste, André e Pedro são chama­dos juntos;
4.  Naquele, João é chamado jun­to com André, pelo seu próprio pedi­do, de uma entrevista com Jesus; nenhuma menção é feita de Tiago, cujo chamado, se é que aconteceu ali, não foi semelhantemente feito por seu irmão —neste, João é chamado junto com Tiago, o seu irmão.
Mais adiante temos um chama­do em Lucas 5:1-11, que também é diferente do de Mateus 4:18-22. No anterior, um milagre foi realizado; no posterior, não existe nenhum mi­lagre, salvo o da graça, revelado em tomar homens falíveis, pela inefabilidade de Cristo, para os tor­nar os seus cooperadores. Naquele, todos os quatro são chamados jun­tamente; neste, os quatro são cha­mados à parte, em pares. Naquele, as redes foram usadas para uma miraculosa pesca; neste, dois lan­çam suas redes, enquanto os outros consertam os seus instrumentos de pesca. Naquele, temos um estágio avançado do ministério terreno de nosso Senhor, e algum entusiasmo popular. Neste, não deve ter havido nenhuma aparição pública na Galiléia; portanto, a falta das mul­tidões estendidas diante dele. En­quanto caminha sozinho pelas prai­as do lago, Jesus aborda os dois pa­res de pescadores e chama-os para se transformar em ganhadores de alma: "Sigam-me, e eu os farei...". Não há cristão que se tenha feito a si mesmo cristão ou cooperador no serviço de Cristo, pois todos são fei­tos por Cristo. SEJA DEUS VERDADEIRO!
FONTE: Todas as Parábolas da Bíblia de Herbert Lockyer

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